Eu odeio acordar tarde.
Por detrás da cortina, há um céu que nos engole. Que se esparrama roxo e quase escapa por entre meus dedos.
Eu odeio acordar tarde. O sol gritando em meus lençóis. O calor escaldando a minha pele, a pressa que me envolve por toda a espinha.
Eu odeio acordar tarde e esquecer que ainda é vida, ainda é sonho, ainda é doçura, ainda sou eu.
Eu odeio os ponteiros do relógio dançando pela sala, como se ainda houvesse no que me agarrar.
Eu odeio acordar tarde. Sem nada a esperar lá fora. Sem a ânsia de sentir todo o meu corpo se desvencilhar da trégua. Perder o céu invadir o meu quarto e se debruçar em minha cama. Mergulhar no roxo e na penumbra que ainda me lembram que sempre há tempo de acordar.