As flores

Você as tirou da terra, arrancou pela raiz.
Na súbita e mórbida avidez de se estender nas entranhas.
O aroma morte, o cinza maltrapilho da calça de moletom. A imensidão de possibilidades que existia nos teus olhos fundos de noites mal dormidas. As entranhas vis, as façanhas que quis, que fiz, a própria reabertura que sangra a cicatriz. As malas feitas as quais nem desfiz.
Você me tirou da terra, arrancou pela raiz.
E eu murchei, meu bem. Eu murchei.
Desidratada, seca, tórpida.
Em contubérnio com o mofo e as pétalas, as folhas e o talo.
Eu só tinha sede.
Muita sede.
Eu murchei e escorri pelo ralo.

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